Carlos Mattioli fala à AMAPAR sobre a evolução do projeto de combate à evasão escolar em União da Vitória

Rômulo Cardoso Quarta, 23 Setembro 2015

Carlos Mattioli fala à AMAPAR sobre a evolução do projeto de combate à evasão escolar em União da Vitória

“Se apenas uma criança ou adolescente em razão do Projeto de Combate à Evasão deixar de adentrar no mundo da criminalidade, não fazer uso e abuso de álcool e outras drogas, deixar de sofrer calada e sozinha, acredito que todo trabalho já teria valido a pena”

Carlos Mattioli, juiz em União da Vitória

 

 

O juiz Carlos Mattioli não tem importante atuação apenas junto à comissão de prerrogativas da AMAPAR, onde preside os trabalhos ao lado de destacáveis colegas. Devoto à área em que atua, a Infância e Juventude, Mattioli conduz com louvor um projeto de combate à evasão escolar na comarca de União da Vitória, desde o ano de 2008.

Nesta semana o referido projeto encerrou a primeira fase de trabalho no ano de 2015, onde atendeu 496 famílias, com a promoção de audiências públicas com alunos, crianças e adolescentes que não estão na escola, pais e professores. As ações têm apoio do Núcleo Regional de Educação, do Ministério Público e dos cinco conselhos tutelares.

DEDICAÇÃO ESPECIAL

A dedicação ao trabalho, conta Mattioli - em conversa com a AMAPAR - está no trato especial das pessoas, do ser humano, principalmente na área da Infância e Juventude.Isso é fundamental para o sucesso do trabalho, para um atendimento digno e frutífero nestas áreas”, afirma.

Os resultados são compensadores, pois, segundo o magistrado, vale muito a pena investir em atuação diferenciada, não apenas restrita ao gabinete judicial ou à sala de audiência. Lá atrás, quando iniciamos, já sabíamos que tão somente aguardar que os casos envolvendo crianças e adolescentes cheguem a nós pouco resolve para uma mudança efetiva da comunidade em que vivemos e trabalhamos. Em regra, somente situações mais graves são levadas ao fórum -  normalmente muito tarde - e com uma dificuldade muito grande de resolução satisfatória”, explica.

Matiolli conta que a maior parte do público atendido no combate à evasão escolar está na linha da econômica da hipossuficiência. “Se apenas uma criança ou adolescente em razão do Projeto de Combate à Evasão deixar de adentrar no mundo da criminalidade, não fazer uso e abuso de álcool e outras drogas, deixar de sofrer calada e sozinha, acredito que todo trabalho já teria valido a pena”, pontua.

ATENDIMENTO

Os problemas detectados junto aos adolescentes e crianças estão relacionados à contemporânea questão dobullying, além de outros problemas psicológicos, necessidade de atendimento médico, envolvimento com entorpecentes, problemas nas relações familiares, dificuldades com o transporte escolar, descoberta de vítimas de violência física, de vítimas de violência sexual e o trabalho infantil. “O encaminhamento e atendimento destes casos já é feito no início, quando da primeira abordagem com os pais e alunos em audiências coletivas”, explica o magistrado.

SATISFAÇÃO

Os resultados são extremamente profícuos, comemora o juiz Carlos Mattioli, pois foram atendidas 500 famílias de forma direta.Possibilitar a tantas crianças e adolescentes uma vida mais digna, livra-las de problemas graves, fomentar a importância da educação, a correção de valores, ofertar a profissionalização, tudo utilizando a estrutura e a respeitabilidade do Poder Judiciário, sem dúvida é extremamente gratificante em minha atuação como magistrado”, destaca.

MAIS NOVIDADES

Neste ano o projeto de combate à evasão escolar, regido sob a batuta de Matiolli, foi aperfeiçoado com a realização de audiência específica com os públicos dos jovens matriculados junto ao CEEBJA (supletivo), além dos pais de crianças infrequentes da rede municipal de ensino de União da Vitória, com o objetivo de atender as peculiaridades de cada grupo de estudantes.

Também foi firmada parceria com o SESI/SENAI, a fim de ofertar cursos profissionalizantes gratuitos aos alunos e pais interessados, vinculados ao retorno à escola, frequência e bom rendimento. Após as audiências coletivas foram procedidos inúmeros encaminhamentos às secretarias municipais de de Ação Social, Educação, Conselho Tutelar e equipe pedagógica e direção das escolas.

Outras inovações para o ano de 2015 estão nos casos de alunos que permaneçam infrequentes ou evadidos mesmo após as audiências, onde pais e filhos deverão frequentar curso promovido pelo Núcleo Regional de Educação em conjunto com o juízo da Infância e Juventude, com viés pedagógico, inclusive como medida alternativa à aplicação da multa administrativa prevista no Estatuto da Criança e Adolescente (infração administrativa) e encaminhamento ao Juizado Especial Criminal (crime de abandono intelectual) - providências que ficarão restritas apenas para os casos mais graves de descumprimento do dever da educação dos filhos.

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