Novo desembargador do TJPR concede entrevista à AMAPAR

Domingo, 25 Janeiro 2015

Novo desembargador do TJPR concede entrevista à AMAPAR

O magistrado Fernando Antonio Prazeres tomou posse no cargo de desembargador na quinta-feira (22), em solenidade no Tribunal Pleno. Escolhido por critério de merecimento, Prazeres substitui o desembargador Joatan Marcos de Carvalho. Em entrevista exclusiva à AMAPAR o novo desembargador fala sobre a importância da magistratura se aproximar mais da sociedade e cita projetos de cunho social de sucesso do Poder Judiciário.


Fernando Antônio Prazeres formou-se na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) em 1986. Ingressou na carreira da magistratura em 24 de junho de 1990, tendo passado pelas comarcas de Wenceslau Brás, Palotina, Tomazina, Castro, Londrina e Curitiba.


Confira a entrevista:


AMAPAR- Desembargador Fernando, como surgiu o seu interesse pela área jurídica? E o que levou o senhor a ingressar na carreira da magistratura?


Fernando - Quando eu estava terminando o segundo grau meu interesse imediato era por jornalismo. Prestei vestibular para jornalismo na Federal e não fui aprovado. Naquela oportunidade, meu pai me convenceu que jornalismo não era uma profissão que desse muita segurança. Ponderei, achei que ele tinha razão, e acabei fazendo o curso de Direito na PUC-PR. Concomitantemente a faculdade de Direito fiz faculdade de Economia na UFPr. Quando comecei a fazer estágio, a ter aulas de Processo Civil e Processo Penal eu percebi a importância do magistrado. Sempre tive certeza absoluta que eu seria magistrado. Porque aquilo me atraia muito. Em uma de minhas férias li o livro: “Eles, os Juízes, Vistos por um Advogado” do Piero Calamandrei e aquilo me encantou. Fiz o concurso e fui aprovado.

AMAPAR - Atualmente quais são os principais desafios da magistratura brasileira?


Fernando - O resgate da nossa credibilidade. Isso é fundamental. Passamos por uma crise de confiabilidade, credibilidade e precisamos urgentemente nos aproximar cada vez mais da sociedade para demonstrarmos a importância da nossa função. Temos projetos essenciais neste sentido: Justiça no Bairro, Superendividamento, Justiça Itenerante, Justiça Restaurativa e tantos outros que devem ser melhor explorados.


AMAPAR - Da sua experiência como juiz de 1º grau o que o senhor leva de mais importante?


Fernando - Aprendi a ser ponderado e a refletir antes de tomar qualquer decisão. Me preocupo sempre com as consequências do que eu vou decidir. Episódios da minha vida como juiz me ensinaram que devemos ser muito cautelosos na hora de decidir e tentar enxergar quais são as consequências. A decisão do magistrado altera a vida das pessoas. Essa ponderação e reflexão eu trago comigo. Quero continuar trabalhando como venho trabalhando todos esses anos, com afinco, tentando dar o meu melhor.

AMAPAR - O que o senhor aconselharia aos jovens que têm interesse de prestar concurso para o cargo de magistrado?


Fernando - Antes de mais nada estudar e ler bastante. Sou professor da Escola da Magistratura, minha matéria é técnica estrutural da sentença Cível. Eu vejo que a grande maioria dos alunos que nos procura tem dificuldade em expressar aquilo que eles estão sentindo. O problema de escrita é muito grave, o problema do bom português também é muito grave. Percebo que as pessoas leem pouco e não conseguem expor um raciocínio de forma completa. Um conselho é ler muito, escrever bastante. Não necessariamente ler só livros jurídicos, mas jornais, romances, revistas.

AMAPAR - Qual é a opinião do senhor sobre as eleições diretas para as cúpulas diretivas dos Tribunais?


Fernando - A princípio sou favorável. Mas isso depende de uma ampla discussão. Uma discussão plural com toda a sociedade, sem discurso hipócrita, sem discurso demagógico. Se houver eleições diretas para a cúpula do Tribunal de Justiça vamos ter que definir primeiro qual será o Colégio Eleitoral. Eu não consigo conceber eleições diretas para o presidente do Tribunal sem a participação do servidor efetivo. Ele deve ser ouvido. Em que proporção? Não sei, ainda. Mas se me dissessem: “Vamos instituir amanhã a eleição direta para a cúpula”, eu estaria de acordo, desde que o colégio eleitoral fosse constituído também por servidores efetivos. Enfim, essa questão deve ser muito discutida e refletida.

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