Atentado contra juíza de SP alerta para a falta de segurança nos fóruns também do Paraná

Rômulo Cardoso Sexta, 01 Abril 2016

Atentado contra juíza de SP alerta para a falta de segurança nos fóruns também do Paraná

A notícia que chocou o país nesta semana tem como vítima a corajosa juíza Tatiane Moreira Lima, de São Paulo, que foi feita refém de homem que jogou um produto químico na magistrada e tentou incendiá-la.

O criminoso já respondia na Justiça por agressão à sua mulher e tinha uma audiência marcada com a magistrada Tatiane Lima, que responde pela Vara de Violência Doméstica do fórum do Butantã, na Zona Oeste da capital paulista.

O crime aconteceu por volta das 13h30. Após entrar no fórum e atear fogo na entrada do prédio, ele foi confrontado por um segurança que chegou a disparar um tiro, mas não conseguiu pará-lo. Ele correu até o gabinete da juíza, a agarrou pelo pescoço e despejou um produto químico nela. Após negociação com a polícia, ele se entregou.

O fato de grande preocupação e até temor – que gerou várias notas das associações de magistrados espalhadas pelo país – está na falta de segurança em ambientes judiciários, como fóruns e demais departamentos.

PRÉDIOS INSEGUROS

O presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (AMAPAR), juiz Frederico Mendes Júnior, comenta que no Brasil há mais de 200 juízes com ameaça séria da morte, com vários casos somente no Paraná. Os prédios dos fóruns, segundo o magistrado, são muito inseguros, como o de Guaíra, na fronteira com o Paraguai e Mato Grosso do Sul. “Este lamentável fato tem que servir pelo menos de alerta. Não tem cabimento, por exemplo, prédios como o de Guaíra, fronteira com Paraguai e Mato Grosso do Sul, cidade palco da maior chacina na história recente do Paraná, onde foi preso há duas semanas um réu com arma de fogo dentro do fórum, sequer ter uma porta com detector de metais na entrada”, comenta.

O magistrado também alerta que muitos outros prédios de fóruns paranaenses não atendem requisitos mínimos de segurança para os milhares de jurisdicionados, servidores e magistrados que por lá circulam todos os dias. “O prédio do fórum é um local aonde as pessoas vão para resolver os conflitos mais sérios, às vezes violentos, que atingem suas vidas. Certos cuidados são indispensáveis. Há recursos para este tipo de investimento no próprio Judiciário, e esperamos que este tipo de despesa seja realizada com urgência. Não obstante os esforços de órgãos como a comissão de segurança do TJ, não há uma política traçada nem a curto ou a médio prazo sobre o assunto. O que esperamos é que seja feito o mínimo, que é a colocação de portas nos prédios, prioritariamente nos locais mais sensíveis, que impeçam o ingresso de armas de fogo e facas”, destaca o mandatário da AMAPAR.

BOMBAS E ARTEFATOS EXPLOSIVOS

O homem carregava também uma mochila com artefatos suspeitos e garrafas com gasolina e querosene. Por conta do incidente, o fórum passou a tarde fechado e cercado pela polícia. O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da PM, foi acionado para fazer uma varredura no local e verificar a possibilidade de explosivos. Caminhões do Corpo de Bombeiros e equipes da PM também foram deslocados.

A área foi liberada por volta das 19h20, quando o Gate deixou o fórum levando uma bomba caseira que, segundo eles, não tem grande potencial explosivo. Ela estava na mochila do suspeito, deixada dentro da sala da juíza, e será analisada por peritos.

O boletim de ocorrência será registrado no 51º DP (Butantã). Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o suspeito foi socorrido ao Hospital Universitário e liberado do atendimento médico. Após a elaboração do Boletim de Ocorrência, ele será transferido ao 91º Distrito Policial de São Paulo, na Vila Leopoldina. A juíza foi levada ao Hospital Albert Einstein e liberada.

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