Decisão do juiz Juliano Nanuncio, que condenou sete réus por fraude em licitação e demais crimes, reflete o comprometimento da magistratura no combate à corrupção

Rômulo Cardoso Quarta, 31 Agosto 2016

Decisão do juiz Juliano Nanuncio, que condenou sete réus por fraude em licitação e demais crimes, reflete o comprometimento da magistratura no combate à corrupção
A AMAPAR obteve cópia da decisão proferida nesta segunda-feira, dia 29, pelo juiz da 3a vara criminal de Londrina, Juliano Nanuncio, que condenou sete réus no processo que investigou fraude em uma licitação do Departamento de Transportes (Deto) do Governo do Estado.


Um dos envolvidos é Luiz Abi Antoun, parente do governador Beto Richa (PSDB). Na operação chamada de Voldemort, em alusão ao personagem da série Harry Potter, os réus foram condenados por crimes como: organização criminosa, falsidade ideológica e fraude à licitação. Ainda cabe recurso.


Na sentença, Nanuncio diz que as investigações apontaram que a organização criminosa era comandada por Abi Antoun. Como traz a decisão do magistrado, investigadores apuraram que "a organização criminosa em questão atuava há um longo período, desde a constituição da oficina Providence até a interrupção involuntária de suas atividades com a deflagração da "Operação Voldemort"".


Ao formular a condenação, o magistrado se referiu a Abi Autoun como pessoa que deveria ter conduta diversa das praticadas. “Sendo ele empresário, vivendo confortavelmente e com reduzidíssimo grau de exposição à criminalidade, como sujeito ativo. Apesar disso, enveredou pelo caminho do crime organizado, valendo-se de seu capital e influência política para enriquecer-se em prejuízo ao erário, o que, diante do exposto, ao réu é muito mais reprovável, justificando-se a exasperação da reprimenda”, afirmou Nanuncio.


SEM ESMORECER


Em abril deste ano o juiz Juliano Nanuncio concedeu entrevista à AMAPAR, amplamente repercutida no site da entidade e nas redes sociais. Ele é responsável também pela condução de outra operação – Publicano – que tem como foco apurar desvios na Receita Estadual do Paraná, onde os prejuízos públicos podem atingir a monta de R$ 1 bilhão.


Ao falar da postura e da repercussão que o seu trabalho tem causado, ao atuar em casos de relevância midiática, que atingem amplamente o poder público, o magistrado enfatizou que o juiz precisa ser um solucionador de problemas, alguém que resolva questões aflitivas, independentemente da magnitude dos casos e dos possíveis envolvidos. 

 
“Na árdua tarefa de julgar, o magistrado deve enfrentar corajosamente e com imparcialidade todas as causas que lhe são apresentadas, sempre objetivando a mais adequada realização do justo concreto, sem esmorecer nem se deixar influenciar por qualquer tipo de pressão que eventualmente possa existir”, ressaltou.


Confira aqui a entrevista - Justiça do Paraná não está limitada à Lava-Jato e Sérgio Moro 


Conheça o juiz Juliano Nanuncio


Paranaense, natural de Jandaia do Sul. Tem 37 anos e completa este ano 12 anos na magistratura.

Possui graduação em Direito, com láurea acadêmica, pela Universidade Estadual de Maringá e pós-graduação lato sensu, com aprovação em primeiro lugar, pela Escola da Magistratura do Paraná. Pós-graduado em Direito Processual Penal pelo Instituto de Direito Penal Económico e Europeu – IDPEE, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.


Após aprovação em concurso de provas e títulos da magistratura paranaense, iniciou a carreira como Juiz Substitutona Seção Judiciária com sede na comarca de Pato Branco, em 2004, atuando também nas comarcas de Chopinzinho e Coronel Vivida. Em 2005, foi nomeado Juiz de Direito na comarca de entrância inicial de Alto Piquiri. No mesmo ano, foi promovido ao cargo de Juiz de Direito da comarca de entrância intermediária de Francisco Beltrão.


A pedido e pelo critério de merecimento, foi removido, em 2006, à comarca de entrância intermediária de Colorado. Em 2007, foi promovido ao cargo de Juiz de Direito da comarca de entrância final de Cascavel, atuando como titular da Primeira Vara Criminal e do Tribunal do Júri. A pedido, foi removido, em 2010, à comarca de entrância final de Londrina (PR), onde atualmente atua como Titular da 3ª Vara Criminal.


Professor da Escola da Magistratura do Paraná, núcleos Maringá (2007), Cascavel (2008-2010) e, a partir de 2011, Londrina, atuando na disciplina teórica de Direito Processual Penal e na prática de Processo Penal, da qual é coordenador.

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