Do subúrbio ao exemplo, juiz Felipe Bernardo capitaneia projeto de doação de materiais escolares para crianças carentes

Rômulo Cardoso Sexta, 08 Fevereiro 2019

Do subúrbio ao exemplo, juiz Felipe Bernardo capitaneia projeto de doação de materiais escolares para crianças carentes

"Foi o estudo que me afastou da pobreza" - Felipe Bernado Nunes (camisa xadrez), juiz em Assaí e que coordena, com o apoio da magistratura, ação que arrecada materiais escolares para crianças carentes, portadoras de câncer. 

 

A origem humilde, o olhar ao próximo e a responsabilidade social impulsionaram Felipe Bernardo Nunes, atualmente juiz na vara cível da comarca de Assaí, a mudar ou, pelo menos, melhorar a vida de muitas pessoas, além de despertar o interesse de crianças e adolescentes carentes pelos estudos.

 

Histórias como a do magistrado valem e merecem ser partilhadas. Com o apoio de demais colegas da magistratura paranaense, Felipe Bernardo iniciou, no ano de 2017, um grupo para apadrinhar crianças portadoras de câncer, além de dedicação aos familiares. O projeto consiste na doação anual de materiais escolares.

 

Como ele explica, é feita a seleção das crianças e são beneficiadas as que mais precisam dos materiais. Em seguida, o próprio magistrado faz a compra e a entrega de material nos lares. “Percebi a importância que elas davam em receber a doação pelas mãos de um juiz”.

 

Realmente, o trabalho é digno de aplausos e de inspiração. O magistrado informa que no início deste ano foram 30 crianças beneficiadas, sendo também 30 magistradas e magistrados que contribuíram com a causa. “Sem o apoio desses 30 colegas o projeto não existiria. Cada elo é fundamental para que a corrente permaneça forte e unida. Não me canso de agradecer a todos eles pela confiança e sensibilidade”, ressalta.

 

Do subúrbio ao exemplo

 

Ao explicar à AMAPAR a ideia do projeto, ele conta que no ano de 2016 foi procurado por uma senhora, pois ela estava atrás de ajuda para um menino de 9 anos, portador de câncer, carente, que precisava de remédios com urgência. Foi o “start” da ação. “Eu entrei em contato com o pai do menino e fui até a sua residência, na cidade de Londrina. Nesse momento o meu coração foi tocado, pois aquela família sofria não só pela doença da criança e a incerteza de sua cura, mas também pela falta de comida, remédios, trabalho, enfim”, comenta.

 

Felipe Bernardo conta que a história do menino foi o incentivo necessário para que ele passasse a se interessar por famílias em situações similares, com as consequentes necessidades. “Descobri que muitas das famílias são oriundas de outras cidades menores e se mudam para Londrina apenas para fazer o tratamento no Hospital do Câncer. Com isso, abandonam casa e emprego, passando por sérias necessidades financeiras. Em quase todos os casos um dos pais não pode trabalhar para acompanhar a criança no tratamento hospitalar”, relata.

 

De origem humilde, o magistrado cresceu no subúrbio carioca e crê na importância do estudo como instrumento transformador – a motivação para doação de materiais escolares. “Acredito na importância do estudo como instrumento transformador. Nasci em uma família humilde do subúrbio carioca e foi o estudo que me afastou da pobreza. Porém, não há como se exigir estudo de quem pertence a uma família que luta para comprar remédios e comida”, esclarece.

 

No ano de 2017 a ação capitaneada pelo magistrado atendeu 15 crianças e, agora, dobrou o número de beneficiados. Ele não para por aí, pois pretende ampliar o projeto com a doação dos materiais , de qualidade, como frisa. “As famílias são beneficiadas ao poder destinar a quantia economizada para comida e medicação. A sociedade é beneficiada pois estamos plantando sementes do bem e da generosidade nessas crianças. E nós, magistrados, nos beneficiamos com uma vivência que nos humilda e nos torna mais empáticos diante da realidade que existe fora dos nossos gabinetes”, afirma.

 

No desfecho da conversa, ele lembra que a magistratura é uma vocação destinada àqueles que possuem a capacidade de sentir no coração o que está além dos processos, está na vida.

“A atuação de magistrados à frente de projetos de responsabilidade social é uma excelente oportunidade de engrandecimento como magistrado, como cidadão e como pessoa. Esperamos que no próximo ano tenhamos ainda mais colegas conosco para que possamos beneficiar mais crianças e outras cidades além de Londrina”, conclui. 

 

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