Fernanda Karam de Chueiri Sanches fala do trabalho desempenhado pela diretoria de políticas para mulheres na AMAPAR

Rômulo Cardoso Sexta, 08 Março 2019

Fernanda Karam de Chueiri Sanches fala do trabalho desempenhado pela diretoria de políticas para mulheres na AMAPAR

Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, nesta sexta-feira, dia 8, a AMAPAR publica uma entrevista especial que a juíza Fernanda Karam de Chueiri Sanches concedeu à entidade.

 

Nomeada pelo presidente Geraldo Dutra de Andrade Neto para atuar como diretora de políticas para mulheres, pasta de trabalho inédita até então na AMAPAR, Fernanda Karam acredita que a nova diretoria surgiu num momento em que cada vez mais se discute a efetiva participação feminina nas mais diversas áreas da sociedade.

 

Na entrevista a seguir a magistrada também fala sobre planos para a efetiva atuação da diretoria que coordena, como um encontro, com data definida para o dia 28 de março, além de questões prioritárias no contexto de políticas para magistradas. Confirma avanços no que diz respeito à participação de mulheres no Judiciário, embora espere mais evolução. “Diante de todo esse contexto percebe-se que, em última análise, ao criar a Diretoria de Políticas para as Mulheres, a AMAPAR, está atenta e voltada à implementação de um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, qual seja, a Igualdade de Gênero”, comenta.

 

Confira a seguir a entrevista.



Dra. Fernanda, a senhora foi designada pelo presidente da AMAPAR, Dr. Geraldo Dutra de Andrade Neto, para atuar em uma pasta inédita na entidade. Como avalia a criação e também a importância para a magistratura paranaense - e para a AMAPAR - de contar com o departamento de políticas para mulheres, que, inclusive, tem requerimentos protocolados no TJ , como o aumento de licenças para cuidados com os filhos ?



Fernanda Karam de Chueiri Sanches - De fato a AMAPAR, através do seu presidente, Geraldo, foi pioneira na criação da diretoria de política para as mulheres. Fiquei muito honrada com o convite para atuar nesta diretoria considerando o seu pioneirismo e relevância. A criação desta diretoria veio num momento muito importante, na medida em que cada vez mais se discute a participação efetiva das mulheres nas mais diversas áreas, inclusive com a implementação de políticas a esse respeito. Um dos nossos primeiros atos foi formular junto à presidência do Tribunal de Justiça pedido para que as licenças maternidade e paternidade, nos casos de crianças internadas, fossem prorrogadas só começando a contar após a alta hospitalar do recém-nascido, visando com isso preservar o contato efetivo do pai e da mãe com a criança no período das respectivas licenças. Além desse, estamos estudando outros requerimentos ainda para o primeiro semestre.

 

Atualmente, quais são as questões prioritárias no contexto de políticas para magistradas ?



Foi criado, em 2017, o Grupo Interinstitucional de Estudo sobre Igualdade de Gênero, do qual fazem parte o Ministério Públicos Federal, Estadual e do Trabalho, Magistratura Federal, Estadual e do Trabalho, bem como as suas respectivas associações, inclusive a AMAPAR, tendo eu e a magistrada Flávia da Costa Viana como representantes da AMAPAR e a desembargadora Angela Khury como representante do TJ.



Esse grupo, desde então, vem desenvolvendo vários estudos e projetos sobre o tema, inclusive, encontra-se concorrendo nacionalmente ao Prêmio Equidade de Gênero no Sistema de Justiça.



Além disso, estamos organizando um evento internacional a realizar-se, ainda este ano, no mês de junho em Curitiba, o qual contará com a presença de diversos estudiosos sobre o assunto do Brasil e Exterior, bem como autoridades, a fim de discutirmos questões afetas ao tema. No mês de fevereiro foi realizada em São Paulo a Conferência Perspectiva de Gênero na Atividade Judicial, com palestra da Baronesa Helena Kennedy, Diretora da International Bar Association's Human Rights Institute. Através dessas atuações procuramos trazer para a pauta a discussão das questões de igualdade de gênero nas instituições, em especial no Poder Judiciário. Para além disso, para celebrar o dia internacional da mulher, no dia 28 de março haverá um evento na AMAPAR a ser realizado em conjunto com a Diretoria Social. Assim, percebe-se que, apesar de ser uma Diretoria nova, já estamos com diversos projetos em andamento. Além disso, aproveito a oportunidade desta entrevista para convidar a todas as magistradas e magistrados para que participem desta Diretoria, com novas ideias e sugestões.



Muito se tem discutido sobre uma maior participação de mulheres no Executivo e no Legislativo. Como a senhora observa a participação das mulheres no Judiciário?

 

Não há dúvidas de que a presença das mulheres hoje no Poder Judiciário é muito maior do que outrora. Analisando os números dos últimos concursos públicos para ingresso na Magistratura pode-se perceber que, de um modo geral, ingressam na carreira praticamente o mesmo número de homens e mulheres, o que não acontecia antigamente, quando a presença feminina era muito mais tímida. Além disso, hoje, há muito mais mulheres nos Tribunais de Justiça, TRFs, TRTs e nos Tribunais Superiores, se comparado há alguns anos. No entanto, ainda há muito o que se evoluir em termos de participação efetiva das mulheres e sua representatividade no Poder Judiciário, por isso a importância da criação da referida Diretoria e do mencionado Grupo de Estudos, em que se traz à tona diversas discussões a respeito do tema e possibilita uma reflexão no que tange à questão de gênero na atividade jurisdiciona.

 

Para além disso, não há como se deixar de mencionar que os próprios Tribunais Superiores estão atentos a essa questão. Tanto é assim que, no último dia 28 de fevereiro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) assinou convênio com a ONU Mulheres (entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres) a fim de desenvolver ações com o fim de reduzir a desigualdade de gênero no Judiciário e incrementar um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS 5 – Igualdade de Gênero). Ao assinar o memorando o Ministro João Otavio de Noronha chegou a ressaltar que “Deve-se garantir a participação plena e efetiva das mulheres em igualdade de oportunidades, para que o Judiciário reflita a mesma pluralidade existente na sociedade brasileira”.

 

Diante de todo esse contexto percebe-se que, em última análise, ao criar a Diretoria de Políticas para as Mulheres, a AMAPAR, está atenta e voltada à implementação de um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, qual seja, a Igualdade de Gênero.

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