Gratidão e respeito inspiram o juiz Carlos Mattioli, cidadão honorário de União de Vitória

Rômulo Cardoso Quarta, 26 Dezembro 2018

Gratidão e respeito inspiram o juiz Carlos Mattioli, cidadão honorário de União de Vitória

Com mais de treze anos de atuação na comarca de União da Vitória, que é de entrância final, o juiz Carlos Mattioli colhe frutos e reconhecimento pelo trabalho desempenhado, onde os de maiores valores estão na gratidão e respeito dos jurisdicionados. Agraciado recentemente com o título de Cidadão Honorário daquele município, Mattioli comenta que o trabalho mais dialogado e humanizado foram trunfos para sua elogiada atuação na comarca.

 

“A criação de vínculo em União da Vitória deu-se com a busca do trabalho multi-institucional, multidisciplinar, na busca de parcerias, no trabalho dialogado com os outros Poderes, na saída do Fórum para a prestação do serviço judiciário diretamente nas comunidades com grande carência socioeconômica e altos índices de violência, na interiorização da justiça por meio de postos avançados de atendimento nos municípios da comarca”, comenta o magistrado, que sempre desempenhou as atividades em União da Vitória em áreas sensíveis, como Infância e Juventude e Família.

 

Veja mais na entrevista a seguir que o magistrado concedeu à AMAPAR

 

O senhor foi agraciado recentemente com o título de cidadão honorário de União da Vitória. Como assimila a receptividade da comunidade desde a assunção à comarca ?

 

Atuo na Comarca há treze anos e meio, sempre junto às áreas da família e infância e juventude. Mais recentemente, cerca de quatro anos, também com os projetos de cidadania do CEJUSC.

 

A receptividade da comunidade, representada pelos Poderes Legislativo e Executivo com a concessão do título de cidadão, a meu ver se deve especialmente à nossa contínua e incessante busca da completa reformulação na forma tradicional de trabalho do Poder Judiciário, procurando formatar a Justiça com a implementação de trabalho mais dialogado e humanizado, atento ao "outro" que está por detrás de todos os processos, permitindo maior qualidade dos resultados produzidos pelos serviços judiciários. Também na busca de atuação mais condizente com o anseio dos jurisdicionados, dos operados jurídicos e da sociedade como um todo, com resultados e reflexos concretos e positivos no meio social, afastando o Poder Judiciário da velha, arcaica, burocrática, morosa, ineficiente e inexpressiva ação formatada ao longo de sua história, causando profunda transformação quanto à sua atuação e resultados atingidos.

 

E os projetos que o senhor desenvolve, quais são ? Como são conduzidos atualmente ?

 

Em União da Vitória atualmente são 30 projetos de cidadania em andamento, com mais de uma dúzia de novas ideias em planejamento. Pioneiramente trabalhou-se com questões mais diretamente afetas às áreas de atendimento da Vara da Infância e Juventude, como o Projeto de Combate à Evasão Escolar, que em 2018 completou 10 anos, e que se desdobrou ao longo desse tempo em inúmeros outros sub-projetos, tais como o trabalho com os responsáveis legais dos alunos (Projeto Escola de Pais), e com o meio educacional, professores, diretores e equipes pedagógicas (Programa de capacitação continuada DEDICA – Olhares para a Infância e Juventude).

 

Com o advento do CEJUSC e seus projetos de cidadania, mencionam-se exemplificadamente os projetos “Pai Presente é Pai Responsável” (derivado do projeto do CNJ com atendimento no âmbito da Psicologia), “Viva em Paz” (o qual atende homens acusados de violência doméstica no âmbito da terapia psicológica coletiva, no contexto da Lei Maria da Penha), “Qualidade de Vida a Pessoas Institucionalizadas” (atendimento e acompanhamento de idosos, adultos com problemas mentais, etc., que se encontram abrigados, buscando a reaproximação familiar), “Travessia” (atendimento de vítimas de violência recebidas no Fórum para testemunho), “Amigos do Povo” (o qual busca aproximação do Poder Judiciário e das Polícias com comunidades de carência socioeconômica e altos índices de violência, com encaminhamento de problemas ao Fórum), “Duas Casas para Crescer” (pais em situação de divórcio), “Mediare” (acompanhamento das famílias após a realização de audiência de mediação com resultado frutífero), “Primeiro Passo” (mulheres vítimas de violência), “Resgate” (moradores em situação de rua), “Confiar” (atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual), “Fábrica de Oportunidades” (aprendizagem, primeiro emprego, atividades esportivas e culturais), “Construindo a Prevenção” (prevenção à gravidez precoce), “Vida Sim” (prevenção ao público com risco de suicídio).

 

Como avalia a criação de vínculo similar, por parte de magistrados, que atuam em comarcas do interior, onde estão, digamos, mais próximos dos cidadãos como representantes do Judiciário ?

 

A criação de vínculo em União da Vitória deu-se com a busca do trabalho multi-institucional, multidisciplinar, na busca de parcerias, no trabalho dialogado com os outros Poderes, na saída do Fórum para a prestação do serviço judiciário diretamente nas comunidades com grande carência socioeconômica e altos índices de violência, na interiorização da justiça por meio de postos avançados de atendimento nos municípios da comarca. Tal se dá me parece independente do tamanho, da localização ou de outras características da comarca, especialmente com a paciente, harmoniosa e dialogada construção de um trabalho coletivo de efetivo atendimento da sociedade que procura a Justiça, atuando-se com empatia, atenção e alteridade.

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