Juízes destacam esforço conjunto e eficiência para superar entraves e tornar a comarca de Guarapuava, a primeira de final, 100% digital

Rômulo Cardoso Terça, 20 Setembro 2016

Juízes destacam esforço conjunto e eficiência para superar entraves e tornar a comarca de Guarapuava, a primeira de final, 100% digital
O esforço conjunto, o comprometimento e a eficiência foram as palavras de ordem para juízes e servidores tornarem, no mês de agosto de 2016, os processos da comarca de Guarapuava 100% digitalizados.


Isso significa que, atualmente, além dos novos ajuizamentos, todos os autos já em tramitação estão completamente inseridos no sistema de processo eletrônico do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), o PROJUDI.


Ao comentar à AMAPAR o grande feito dos magistrados e demais funcionários vinculados ao fórum de Guarapuava, o juiz Glauco Alessandro de Oliveira ressalta que a comarca é a primeira do estado, de entrância final, a realizar tal feito. “Sendo o TJ do Paraná considerado de grande porte pelo CNJ e Guarapuava uma comarca de entrância final, com grande demanda processual, com mais de 218 mil habitantes, com certeza é um grande feito”, afirma o magistrado, que responde pela vara de família e sucessões.


Guarapuava possui 10 varas e exceto a 3a vara cível, instalada já no sistema digital, todas as demais possuíam expressivo acervo de autos físicos. A mudança do papel para o computador, com a utilização do sistema PROJUDI, teve início em março de 2010 e progressivamente atingiu as outras varas judiciais.

 

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OUSADIA E ENGAJAMENTO


Antonio Carvalho, juiz que atualmente está em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, participou ativamente do ousado trabalho que poderá servir de incentivo às demais unidades judiciais do estado. Ele tem carinho especial por Guarapuava e acredita que o espírito de grupo e a união dos colegas são diferencias na comarca. “Todos as decisões administrativas da comarca são tomadas com a participação dos magistrados locais. As reivindicações e requerimentos ao TJ-PR ou a qualquer outro órgão do Poder Judiciário são realizados em conjunto”, afirma.


O início da “revolução digital”, comenta Antonio, que atuava na 1a vara cível de Guarapuava, nasceu da proposta do colega Glauco Oliveira.


“Concordei na hora. Consultei os servidores e ajustamos que nós faríamos a digitalização e inclusão de dois volumes por dia. Naquela altura, apenas quatro varas ainda tinham processos físicos, das 10 existentes. Na sequência, ajustamos o acordo com os demais juízes e conversamos com os chefes de secretarias, que tiveram papel fundamental no convencimento dos demais servidores”, conta.


Após alguns meses de trabalho, Antonio Carvalho e equipe concluíram a digitalização de mais de 5 mil autos físicos na 1ª Vara Cível, com a participação fundamental dos servidores da própria vara e dos 1º e 2º juizados especiais, 3ª vara cível, vara da família e da infância e juventude. As demais varas concentraram esforços no auxílio das 1ª e 2ª varas criminais.


Ele também acredita que o trabalho só foi possível com o engajamento de todos os servidores locais e principalmente o auxílio imprescindível dos colegas de toga, como Luciana Benassi Gomes Carvalho, Rafaela Zarpelon, Carmen Zolandeck Mondin, Patrícia Carbonieri, Paola Mancini, Christine Bittencourt Kampmann, Glauco Alessandro de Oliveira, Ricardo Spessato Campos, Adriano Scussiatto Eyng, Rafhael Wasserman, Bernardo Fazolo Ferreira, Marcelo Pietroski e Nestário Queiroz.


“Carrego em minha alma, indelével, a honra em ter dividido os momentos em Guarapuava com esses colegas e ter atingido, pela força do trabalho e da convicção que a união e a gestão são instrumentos indispensáveis para a revolução do Poder Judiciário”, revela.


COOPERAÇÃO PARA VENCER A GRANDE DEMANDA


O juiz Adriano Eyng, que atualmente responde pela 1a Vara Cível e da Fazenda Pública, conta que a unidade estatizada a qual responde era a com maior acervo processual e concluiu a digitalização no fim de 2015. Ele também aponta o esforço dos colegas e servidores como fundamental.


“Deve-se destacar o empenho dos servidores e estagiários desta unidade, sob a coordenação do juiz Antonio Carvalho Filho, magistrado titular na época, o qual conduziu uma completa reestruturação deste Juízo a partir da estatização desta unidade judiciária no fim do ano de 2013. A cooperação dos outros juízos desta comarca foi, também, fundamental para a integral digitalização da 1ª vara cível e da fazenda pública. Além disso, é importante ressaltar a contribuição prestada pelos gabinetes da dra. Luciana Benassi Gomes Carvalho, então juíza de Direito titular do 2º juizado especial, e do dr. Ricardo Alexandre Spessato de Alvarenga Campos, juiz de Direito substituto da 3ª subseção judiciária de Guarapuava. Por fim, é digno de nota a colaboração do dr. Glauco Alessandro de Oliveira, juiz da vara de família e sucessões, magistrado sempre comprometido com o aprimoramento da prestação jurisdicional e a implantação de boas práticas nesta comarca”, comenta.


No mesmo espírito de colaboração dos demais colegas, a juíza Christine Bittencourt fala do esforço de juízes e funcionários. “Foram muitos processos mas conseguimos o resultado almejado”, pontua.


A magistrada ressalta que a comarca de Guarapuava pode servir de exemplo no Poder Judiciário. “Os jurisdicionados ganham com a celeridade e a Justiça é entregue com maior eficiência”, completa Christine.

 

OBSTÁCULOS E SUPERAÇÃO


A 2a vara cível e da fazenda pública viveu situação especial para vencer o desafio da “digitalização 100%”. A única serventia privada da comarca de Guarapuava deu desfecho à totalidade da digitalização dos processos coincidentemente quando completou 40 anos de instalação.


A juíza Luciana Dagostin, que assumiu a titularidade da 2a vara cível no início de 2016, fala dos desafios. A demanda de cerca de 10 mil processos e o plus de tramitar uma das mais complexas falência do estado somaram às dificuldades.


Outro entrave, destaca Luciana, foi o indeferimento do TJ-PR ao pedido para que servidores do quadro auxiliassem na digitalização da 2a vara cível. Como conta a magistrada, entre dezembro de 2014 a fevereiro de 2016, haviam sido digitalizados 2.480 processos, e restavam, ainda, 3451 processos pendentes de digitalização, ou seja, mais da metade.


“Foi então que, mediante a contratação de profissionais habilitados, de uma gestão eficiente, e do auxílio de advogados e partes, sob a supervisão desta magistrada, a meta mensal de digitalização, que estava no patamar de 200 processos inseridos por mês, passou ao patamar imediato de 400 processos digitalizados e inseridos por mês, e assim, gradativamente, até a finalização que se deu em agosto passado”, relata.


Frente ao empenho e atitude inovadora dos magistrados, a comarca de Guarapuava, como conta Luciana Dagostin, sofre com a grande demanda. Somadas as três varas cíveis são mais de 11 mil processos ativos afetos à competência da fazenda pública, que traduz na necessidade premente da criação de uma vara especializada. “Também é a oportunidade que tenho para agradecer aos colegas juízes de Guarapuava que, mesmo diante da não autorização de auxílio pelos demais servidores, não me deixaram esmorecer”, afirma, ao fazer agradecimento especial aos colegas Adriano Eyng e Glauco de Oliveira.


“Existem ainda muitos obstáculos a serem superados na 2ª Vara Cível de Guarapuava, mas sinto-me honrada de ter suplantado em tempo mínimo a questão da digitalização de processos e contribuído para que a comarca de entrância final de Guarapuava se tornasse a primeira em 100% de processos digitalizados”, conclui.

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