Com várias ameaças, homem desacata magistrada e demora para ser contido no fórum de Londrina

Rômulo Cardoso Domingo, 01 Maio 2016

Com várias ameaças, homem desacata magistrada e demora para ser contido no fórum de Londrina

INSEGURANÇA

Novamente a insegurança bateu a porta do Poder Judiciário no Paraná.

Agora na comarca de Londrina, a segunda maior do Estado, durante audiência concentrada na quinta-feira, dia 28, no fórum antigo, a juíza Isabele Papafanurakis Ferreira Noronha foi vítima de ameaças por parte de um homem que desacatou e também tentou fotografar e filmar a magistrada. Ele tem passagens pela polícia – roubo e caso referente à Lei Maria da Penha. 

Como o efetivo de segurança é insuficiente no fórum, a juíza, durante vários minutos ininterruptos, ouviu ofensas e ameaças sem qualquer intervenção – mesmo com os reiterados pedidos de Isabele para que a urbanidade fosse mantida no local que havia várias testemunhas. Somente depois de sofrer série de desacatos, a juíza teve o auxílio de um segurança local, terceirizado, que chegou para tentar conter os ânimos exaltados. A desarrazoada indiganção e agressividade do indivíduo, segundo Isabele Noronha, estava no fato da discordância sobre uma sentença contrária a ele. 

“Não respeito ninguém, acima de mim só passa avião e Deus”, bradou o ofensor, visivelmente alterado. A Polícia Militar, que não possui oficiais deslocados no fórum, foi acionada e também tardou a chegar.

A magistrada Isabele Noronha faz queixas justamente à falta de policiais militares no fórum – principalmente em Londrina, onde a demanda processual é alta. Ela também foi até a delegacia para relatar o ocorrido, onde obteve a informação de que o homem responsável pelas ameaças é perigoso.

“Estou chocada e indignada com a falta de segurança que temos em nossos fóruns. Será que alguém tem que morrer na sala de audiências para alguma coisa mudar?”, reclamou a magistrada. Ela também sugere uma solução para fatos semelhantes, como a instalação de um botão de pânico para que a segurança seja brevemente comunicada – além da destinação de policiais militares nos fóruns.

“Dez anos na magistratura, a maior parte deles em vara criminal e fazendo projeto de ressocialização dentro de delegacias e nunca sofri uma ameaça”, reclamou Isabele.

SEMANALMENTE QUEM FAZ A RONDA É A INSEGURANÇA

A AMAPAR semanalmente tem tido conhecimento e noticiado fatos que revelam a grave falta de segurança nos fóruns do Paraná. No dia 18 de abril, em Palmital, duas mulheres brigaram no fórum, com direito à facada, como relatou a juíza Stephanie Assis Pinto de Oliveira. “Não temos detector de metal e apenas uma pessoa para fazer a segurança. Sem contar o baixo efetivo de policial na cidade”, relatou.

Diante dos recorrentes fatos que resultam em insegurança para quem trabalha e precisa dos serviços do Poder Judiciário do Paraná, alguns de maior gravidade, como da juíza de São Paulo que recentemente foi feita refém dentro do fórum do Butantã, a AMAPAR requereu, junto ao TJ-PR, a instalação de portal de segurança com detectores de metais.

A entidade que congrega juízes e desembargadores também reivindica todo aparato necessário para restringir o ingresso de pessoas armadas, bem como que todas as pessoas, independentemente de cargo ou função pública, inclusive servidores, promotores, defensores, advogados, policiais militares, civis ou federais, ressalvada a escolta de presos e autoridades, que adentrarem aos fóruns, se submetam ao controle de acesso.

A reivindicação da AMAPAR tem como escopo e é reforçada pelo lamentável atentado à magistrada Tatiana Moreira Lima, que coberta de líquido inflamável e feita refém em São Paulo. A associação também lembra situações, nos últimos 30 dias, como as prisões em flagrante de indivíduos que tentaram entrar nos fóruns de Saquarema (RJ) e Guaíra (PR) com arma de fogo municiada.

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