Semana da Mulher - Confira a entrevista com a juíza Jaqueline Allievi, vice-presidente da AMAPAR

Rômulo Cardoso Quarta, 06 Março 2024

Semana da Mulher - Confira a entrevista com a juíza Jaqueline Allievi, vice-presidente da AMAPAR

A juíza Jaqueline Allievi, vice-presidente da AMAPAR, que atua em Cascavel, foi pontual ao definir o trabalho da entidade no desempenho do papel crucial de defesa das prerrogativas e como local de apoio de magistradas e magistrados. Na entrevista especial, dedicada à Semana da Mulher, a magistrada falou dos primeiros anos de carreira e dos avanços da magistratura. “A ideia central da AMAPAR é realizar uma administração cada vez mais horizontal e colaborativa, contando com a participação de todos os associados e associadas”, afirma.

 

Confira a entrevista. 

 

Como sintetiza o trabalho da AMAPAR e quais são as principais frentes que a associação deve priorizar em prol das prerrogativas e valorização da magistratura?

 

A AMAPAR desempenha um papel crucial na defesa das prerrogativas e na promoção da valorização da magistratura. É o local onde encontramos apoio, especialmente quando somos atacados. A ideia central da AMAPAR é realizar uma administração cada vez mais horizontal e colaborativa, contando com a participação de todos os associados e associadas.

 

Suas prioridades podem variar dependendo do contexto específico e dos desafios enfrentados em determinado momento. Na atual conjuntura é necessário focar na manutenção da unidade dos magistrados e magistradas, garantindo a independência do Judiciário, representada, inclusive por uma remuneração digna e condizente com a função exercida. Além disso, é preciso garantir de condições adequadas de trabalho, o que inclui programas de capacitação e formação continuada. 

 

É preciso desenvolver um sistema de apoio psicossocial oferecendo suporte psicológico e emocional aos magistrados e magistradas, reconhecendo os desafios e a pressão inerentes à profissão. 

 

E, por fim, mas não menos importante, desenvolver estratégias eficazes de comunicação para sensibilizar a opinião pública sobre a importância do Judiciário e o papel crucial desempenhado pelos magistrados e magistradas.

 

Ao voltar no tempo, na época que ingressou na magistratura. Quais são as principais diferenças, as mais pontuais, no cenário da magistratura brasileira para o momento atual, no que diz respeito à estrutura de trabalho, valorização de magistradas e de magistrados enquanto representantes de Poder e também as diferenças no papel desempenhado pelas  associações?

 

Olhando para trás é possível ver um significativo avanço da magistratura brasileira, especialmente a paranaense que é a nossa realidade, em relação à estrutura de trabalho e à valorização de magistrados e magistradas. 

 

Quando ingressei nos quadros da carreira, no final do século passado, a internet era ainda uma quimera. Os processos eram todos físicos. Não havia sistemas próprios para pesquisas, tudo era manual. Não havia assessores nos gabinetes. Não eram disponibilizados computadores pelo Tribunal. O exercício da função exigia um esforço hercúleo. Não que hoje esse esforço não seja necessário. O que me refiro é que a criação de cargos de assessoria ajudou muito na forma de trabalhar e nos possibilitou delegar algumas funções, a fim de ser possível se dedicar com mais energia às atividades que precisam ser prioritárias. 

 

Além disso, houve um acréscimo significativo na remuneração. Não há comparação com o que se recebia no passado. Esses fatores, avanço tecnológico, criação de cargos de assessoria e incremento remuneratório demonstram que houve valorização efetiva de magistrados e magistradas ao longo do tempo. 

 

Nesse contexto, é certo afirmar que foi fundamental o papel das associações nessas conquistas. Não se olvida que a efetiva implantação de tudo que se colocou aqui demanda ação concreta do Tribunal, que é quem elege as prioridades e as executa. Mas, por outro lado, não se pode deixar de registrar que se não fosse o trabalho incessante das associações demonstrando a necessidade e importância dessa valorização, talvez a escolha das prioridades tivesse sido outra.

 

Doutora, como despertou o interesse para o Direito e, consequentemente, para ingressar na magistratura?

 

Meu primeiro emprego foi no cartório da vara cível de Toledo quando eu tinha 15 anos. Estava terminando o que seria hoje o segundo ano do ensino médio. Não tinha a menor ideia do que faria na universidade. Mas, tal oportunidade me possibilitou entrar em contato com processos e com uma gama de atores do cenário jurídico, além de situações que muitas vezes eu via como injustas. Isso me fez querer cursar Direito. E, essa mesma experiência do lado de dentro do balcão, despertou em mim a vontade de ingressar na magistratura. Acho importante registrar que não teve um dia na minha vida que questionei a minha escolha profissional. Se voltasse no tempo escolheria novamente ser juíza. “Sou feliz, alegre e forte. Tenho amor e sorte onde quer que eu vá!”.

 

No tempo exíguo, que pouco sobra, por conta das atribuições judicantes, quais as principais atividades de lazer que a doutora costuma se inclinar?

 

Adoro ler, praticar atividade física e viajar. De preferência tudo isso junto. Atualmente participo de um grupo de literatura que congrega alguns magistrados e magistradas. Nosso encontro mensal é um oásis de alegria na correria dos compromissos diários e traz alento e sensação de pertencimento. A atividade física para mim é o melhor remédio tanto para a saúde física quanto mental. Já viajar, é uma jornada de autodescoberta, superação de desafios e uma oportunidade para explorar o desconhecido. Não é apenas sobre chegar a um destino, mas sobre o processo de percorrer caminhos ainda não conhecidos e estar aberto ao novo.

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